Você quer seguir uma dieta "paleolítica"? Veja o que você está arriscando

Publicado por Adrien,
Fonte: Universidade de Genebra
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As dietas muito ricas em proteínas, também chamadas de "dietas paleolíticas", estão na moda.

Usando modelos de camundongos, cientistas da Universidade de Genebra (UNIGE) estudaram seu impacto. Eficazes para regular o peso e estabilizar o diabetes, elas não são isentas de riscos.


O excesso de proteínas aumenta fortemente a produção de amônio e o fígado, responsável por sua eliminação, fica sobrecarregado. O excesso de amônio pode causar distúrbios neurológicos, chegando até o coma nos casos mais graves. Estes resultados, detalhados no Journal of Biological Chemistry, alertam para a cautela na adoção dessas dietas.

O diabetes tipo 2 é uma doença metabólica em constante aumento. Na Suíça, estima-se que mais de 400.000 pessoas sejam afetadas. Sob o efeito combinado de um estilo de vida sedentário e uma alimentação excessivamente rica, o pâncreas, danificado, luta para regular o nível de açúcar no sangue. Embora os tratamentos atuais permitam que as pessoas afetadas controlem a progressão da doença, eles não a curam. Uma grande parte do tratamento envolve a perda de peso.

"Dietas ricas em proteínas animais e/ou vegetais, chamadas paleolíticas, podem ser usadas para estabilizar o diabetes tipo 2 e regular o peso", explica Pierre Maechler, professor titular do Departamento de Fisiologia Celular e Metabolismo da Faculdade de Medicina da UNIGE, que liderou este trabalho. Essas dietas se inspiram na alimentação baseada em carne que prevalecia na era pré-histórica. "Mas quais são suas consequências para o organismo? Elas são realmente inofensivas? Isso é o que procuramos descobrir."

O fígado sob pressão


O amônio é um resíduo normal derivado da degradação das proteínas, que é eliminado em grande parte no fígado sob a forma de ureia não-tóxica, por meio de uma enzima chamada glutamato desidrogenase, ou GDH. Em caso de sobrecarga de proteínas, a enzima GDH fica sob pressão. Para estudar o impacto das dietas hiperproteicas, a equipe de Pierre Maechler alimentou camundongos saudáveis e camundongos sem a enzima GDH no fígado com alimentos ricos em proteínas, imitando as dietas chamadas paleolíticas.

Os cientistas observaram que, em camundongos saudáveis, embora o excesso de proteínas aumente a produção de amônio, o fígado consegue lidar com esse excedente graças à ação da enzima GDH, que desintoxica o amônio antes que cause danos. "Por outro lado, em camundongos sem a enzima GDH, o fígado não consegue eliminar o excesso tóxico de amônio derivado das proteínas. Não são necessárias semanas ou meses, uma mudança na alimentação durante alguns dias é suficiente para observar consequências significativas", explica Karolina Luczkowska, antiga doutoranda no Departamento de Fisiologia Celular e Metabolismo da Faculdade de Medicina da UNIGE, e primeira autora do estudo.

Cautela é necessária


Estes resultados sugerem que, em caso de disfunção da enzima GDH, as dietas hiperproteicas causariam um excesso deletério de amônio. O amônio, não eliminado pelo fígado, pode causar distúrbios graves, especialmente neurológicos.

Com base em um teste de sangue, seria possível avaliar a atividade da GDH e evitar sobrecarregar com proteínas o metabolismo das pessoas cujo a enzima GDH não funcionaria adequadamente. "Portanto, é importante estar bem informado antes de seguir uma dieta hiperproteica", conclui Pierre Maechler.
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