🔭 Earendel: a estrela mais distante já observada pode ser um objeto completamente diferente

Publicado por Adrien,
Fonte: The Astrophysical Journal
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O objeto celeste mais distante já observado, apelidado de Earendel, pode ser apenas uma ilusão de óptica cósmica.

Descoberto em 2022 pelo telescópio espacial Hubble, Earendel havia sido identificado como uma estrela individual datando dos primeiros tempos do Universo. Um novo estudo publicado na The Astrophysical Journal questiona essa classificação, propondo que Earendel seja um objeto completamente diferente: um aglomerado globular, um grupo denso de estrelas ligadas pela gravidade.


Um enorme aglomerado galáctico (à esquerda) amplifica a luz daquilo que até agora era percebido como a estrela mais distante detectada no Universo (à direita).
Crédito da imagem: NASA, ESA, CSA, D. Coe, B. Welch. Processamento de imagem: Z. Levay.

Os pesquisadores usaram o telescópio espacial James Webb para analisar a luz de Earendel. Seus resultados indicam que as características espectrais do objeto correspondem às dos aglomerados globulares conhecidos em nossa vizinhança cósmica. Essa descoberta abre novas perspectivas sobre a formação das primeiras estruturas estelares.

A localização de Earendel no arco gravitacional de uma galáxia distante permitiu sua observação, apesar de sua distância fenomenal. Esse fenômeno, previsto pela teoria da relatividade geral de Einstein, amplifica a luz de objetos localizados atrás de aglomerados de galáxias massivos, atuando como uma lente cósmica.

Os cientistas destacam a necessidade de continuar as observações para confirmar a natureza de Earendel. As variações de luminosidade devido à microlente gravitacional podem fornecer pistas decisivas, permitindo distinguir entre uma estrela única e um aglomerado de estrelas.

Este estudo destaca os desafios da observação dos objetos mais antigos do Universo. Os avanços tecnológicos, como os proporcionados pelo telescópio James Webb, no entanto, permitem expandir ainda mais os limites de nossas observações.

O que é um aglomerado globular?


Aglomerados globulares são coleções esféricas de estrelas, ligadas pela gravidade, que orbitam em torno dos núcleos das galáxias. Eles contêm centenas de milhares, ou até milhões, de estrelas.

Esses aglomerados estão entre as estruturas mais antigas do Universo, com idades frequentemente comparáveis à do próprio Universo. Seu estudo oferece pistas valiosas sobre as condições presentes durante as primeiras fases de formação das galáxias.

As estrelas em um aglomerado globular nasceram aproximadamente ao mesmo tempo, a partir da mesma nuvem de gás e poeira. Isso os torna laboratórios naturais para estudar a evolução estelar e a composição química de estrelas antigas.

Ao contrário dos aglomerados abertos, mais jovens e menos densos, os aglomerados globulares são muito compactos. Sua alta densidade pode levar a interações estelares frequentes, como colisões ou fusões de estrelas.

Como funciona uma lente gravitacional?


Uma lente gravitacional é um fenômeno astrofísico no qual a luz de um objeto distante é desviada e amplificada pela gravidade de um objeto massivo localizado entre o observador e a fonte luminosa.

Esse fenômeno, previsto pela teoria da relatividade geral de Einstein, permite que os astrônomos observem objetos que, de outra forma, seriam muito fracos ou distantes para serem detectados. Ele age como uma lupa cósmica, distorcendo e às vezes multiplicando a imagem do objeto de fundo.

Existem vários tipos de lentes gravitacionais: lentes fortes, que produzem imagens múltiplas ou anéis de Einstein, e lentes fracas, que distorcem sutilmente as imagens de galáxias distantes. As microlentes, por sua vez, são causadas por objetos menores, como estrelas ou planetas.

Uma lente gravitacional é uma ferramenta poderosa para estudar a distribuição da matéria escura no Universo, pois essa matéria invisível influencia a forma como a luz é desviada. Ela também permite medir distâncias cósmicas e explorar as propriedades dos objetos mais distantes do Universo.
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