E se as baterias dos carros elétricos pudessem durar mais tempo do que os próprios veículos? Um estudo recente realizado no Canadá revela um avanço importante na tecnologia das baterias, capaz de transformar a nossa abordagem à mobilidade sustentável.
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As baterias de iões de lítio atuais, embora eficientes, perdem gradualmente a sua capacidade de armazenar energia. Uma nova tecnologia, baseada em elétrodos monocristalinos, pode mudar o jogo. Testada durante seis anos, esta bateria mostrou uma resistência excecional, abrindo caminho para veículos elétricos mais duráveis e económicos.
Uma tecnologia que desafia o tempo
As baterias tradicionais utilizam elétrodos compostos por muitos pequenos cristais, propensos a microfissuras durante os ciclos de carga e descarga. Estas fissuras reduzem gradualmente a sua capacidade. Por outro lado, os elétrodos monocristalinos, constituídos por um único cristal sólido, resistem melhor às tensões mecânicas.
Esta estrutura única permitiu que a bateria testada mantivesse 80% da sua capacidade após 20.000 ciclos, o equivalente a 8 milhões de quilómetros percorridos. Um desempenho oito vezes superior ao das baterias atuais, que muitas vezes perdem 20 a 30% da sua capacidade em apenas alguns anos.
Um método de análise inovador
Para estudar esta tecnologia, os investigadores utilizaram raios X de alta energia, permitindo observar o interior das baterias sem as desmontar. Esta abordagem não invasiva revelou uma ausência quase total de fissuras nos elétrodos monocristalinos, ao contrário das baterias tradicionais.
Estas observações confirmam a superioridade dos elétrodos monocristalinos em termos de durabilidade. Os investigadores também identificaram aditivos e revestimentos de superfície capazes de retardar ainda mais a degradação, reforçando assim a longevidade das baterias.
Implicações importantes para a indústria
Uma bateria capaz de durar 8 milhões de quilómetros poderia sobreviver a todas as outras peças de um veículo elétrico. Isso reduziria consideravelmente os custos de manutenção e limitaria o impacto ambiental relacionado com a produção e reciclagem das baterias.
Além disso, estas baterias poderiam encontrar uma segunda vida no armazenamento de energia em grande escala, nomeadamente para as redes elétricas alimentadas por energias renováveis. A sua durabilidade torna-as candidatas ideais para armazenar energia solar ou eólica, contribuindo assim para a transição energética.
Uma comercialização em vista
Embora esta tecnologia ainda não seja utilizada em veículos elétricos, já está em produção comercial e a sua adoção deverá acelerar nos próximos anos. A Tesla, em particular, está muito interessada e até financiou parcialmente esta investigação.
Este avanço marca uma viragem na tecnologia das baterias, prometendo veículos elétricos mais duráveis e uma gestão mais eficiente das energias renováveis. Com baterias capazes de durar décadas, a mobilidade elétrica poderá conhecer uma evolução significativa.