A Anomalia do Atlântico Sul, uma vasta região situada acima da América do Sul e do oceano Atlântico Sul, onde o campo magnético da Terra é particularmente fraco, tem atraído a atenção dos pesquisadores. Esta zona permite que partículas carregadas vindas do Sol se aproximem mais da superfície terrestre, expondo assim os satélites em órbita a um nível elevado de radiação ionizante.
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Essa fraqueza do campo magnético não é apenas uma curiosidade geofísica. Ela tem um impacto direto nas auroras austrais, essas danças de luzes que ocorrem na atmosfera terrestre em torno da Antártica. Essas auroras são o resultado do encontro entre as partículas solares e os gases da nossa atmosfera. O estudo recente publicado no periódico Geophysical Research Letters mostra que a Anomalia do Atlântico Sul enfraquece essas luzes do sul, alterando sua intensidade habitual.
Os pesquisadores utilizaram dados de satélites para estudar este fenômeno. Observaram que, onde a Anomalia do Atlântico Sul se sobrepõe às auroras austrais, a intensidade destas últimas diminui. Esse enfraquecimento poderia até ser perceptível a olho nu, uma observação suportada pelo fato de que menos auroras são relatadas em algumas estações de pesquisa na Antártica localizadas dentro ou perto desta anomalia.
Isso sublinha um aspecto: as auroras, embora muitas vezes sejam consideradas como sendo principalmente influenciadas pelo Sol, também são afetadas por fatores relacionados à Terra, como as variações em seu campo magnético. A Anomalia do Atlântico Sul reduz a quantidade de energia que as partículas solares podem transferir para a atmosfera, o que diminui a intensidade das auroras.
A Anomalia do Atlântico Sul é um ponto fraco no campo magnético terrestre, como mostra o azul nesta visualização da ESA. As manchas brancas representam os locais de impacto da radiação nos satélites. Crédito: ESA/DTU Space
Este fenômeno não é apenas uma curiosidade para os cientistas; ele nos lembra de quão vinculados estamos ao nosso planeta e ao espaço ao redor, especialmente em relação à nossa tecnologia. Pesquisas futuras poderão revelar se fenômenos semelhantes afetam outros planetas, ampliando nosso entendimento.