Diante de catástrofes que podem reduzir drasticamente a incidência de luz solar na Terra, como uma grande erupção vulcânica ou uma guerra nuclear, pesquisadores internacionais identificaram uma fonte alimentar capaz de sustentar a humanidade: as algas marinhas. Ricas em nutrientes, esses organismos poderiam desempenhar um papel chave na prevenção da fome mundial em casos de redução abrupta de luz solar, segundo um estudo recente publicado na revista Earth's Future.
As algas, especialmente a Gracilaria tikvahiae, ou alga vermelha graciosa, demonstraram uma resiliência notável, capaz de sobreviver e prosperar mesmo em cenários de uma guerra nuclear total. Os pesquisadores, provenientes da Alliance to Feed the Earth in Disasters, da Universidade Estadual da Luisiana nos Estados Unidos, do Instituto de Ciências Marinhas da Universidade das Filipinas, e da Universidade de Canterbury no Reino Unido, desenvolveram um modelo para simular o crescimento desta alga utilizando dados climáticos pós-catastrofe.
Segundo o estudo, mesmo na hipótese de um inverno nuclear com a emissão de 150 Tg de fuligem na atmosfera, haveria luz solar suficiente para que as algas realizassem a fotossíntese. Essa descoberta sugere que, apesar dos níveis reduzidos de luz solar, as algas poderiam atender a cerca de 45% das necessidades alimentares globais após apenas nove meses de produção intensificada. Contudo, o alto teor de iodo nas algas limita sua contribuição para a alimentação humana a 15%.
As algas oferecem não só um potencial de subsistência em cenários extremos como também representam atualmente uma importante fonte nutricional, rica em proteínas, minerais, vitaminas, aminoácidos essenciais e ácidos graxos. Sua capacidade de absorver contaminantes pode ser mitigada por métodos de tratamento pós-colheita, assegurando sua segurança para consumo humano.
Distribuição global dos clusters de crescimento de Gracilaria tikvahiae em um cenário de guerra nuclear de 150 Tg. As cores indicam os diferentes clusters. As áreas brancas indicam dados ausentes. Crédito: Earth's Future (2024). DOI: 10.1029/2023EF003710
A produção de algas sustenta muitas comunidades costeiras pobres em países de baixa renda, com uma contribuição significativa da Ásia para a produção mundial. Esta pesquisa destaca a importância de desenvolver fazendas de algas como medida preventiva contra catástrofes globais e como um elemento de segurança alimentar mundial.