O consumo excessivo de álcool é responsável por muitos problemas de saúde, mas soluções simples existem para reduzir esses riscos. Um estudo recente sugere que um exercício de memória pode influenciar a quantidade de álcool ingerida, mas, surpreendentemente, isso parece funcionar apenas para as mulheres.
Uma abordagem original que pode oferecer novas perspectivas na luta contra o alcoolismo, pelo menos para uma parte da população.
A ideia básica é recorrer à memória para reduzir o consumo. Pesquisas anteriores sobre alimentação mostraram que relembrar uma refeição anterior pode levar a comer menos. A equipe da Universidade de Portsmouth quis testar se esse método se aplicava também ao álcool. O estudo, realizado com 50 mulheres, consistiu em fazê-las se lembrar de uma experiência recente relacionada ao consumo de álcool.
As participantes foram divididas em dois grupos. O primeiro deveria detalhar uma memória de consumo de álcool, avaliando até mesmo as calorias ingeridas. O segundo grupo, de controle, apenas relembrava um trajeto de carro. Em seguida, as participantes deveriam beber uma bebida alcoólica no seu próprio ritmo, sem saber que a velocidade de consumo estava sendo monitorada.
Os resultados mostraram que as mulheres que relembraram uma experiência com álcool bebiam mais devagar do que aquelas que relembraram um trajeto de carro. Essa desaceleração pode indicar uma redução no desejo de consumir álcool, possivelmente devido à conscientização sobre as calorias ingeridas. Além disso, esse mesmo grupo declarou ter a intenção de consumir menos bebidas ao longo da noite.
Segundo o Dr. Lorenzo Stafford, autor principal do estudo, esse fenômeno pode estar relacionado à maior sensibilidade das mulheres aos riscos associados ao álcool, especialmente no que diz respeito ao ganho de peso. Atualmente, o álcool contribui significativamente para a ingestão calórica diária, especialmente entre mulheres.
Outro estudo, conduzido pelo University College, também sugere que a rotulagem calórica de bebidas alcoólicas pode incentivar os consumidores a beber menos. A pesquisa revelou que a maioria dos grandes consumidores mudaria seus comportamentos se as calorias fossem claramente indicadas nos rótulos das garrafas.
O professor Andrew Steptoe, responsável por essa pesquisa, destaca que a rotulagem poderia encorajar os consumidores de risco a reduzir o consumo. No entanto, ele alerta que essa abordagem provavelmente não será suficiente para mudar radicalmente os hábitos dos consumidores.
Paralelamente, os pesquisadores acreditam que intervenções mais direcionadas, que influenciem diretamente a atitude dos indivíduos em relação ao álcool, seriam mais eficazes a longo prazo. Tais estratégias poderiam complementar os efeitos da memória ou da rotulagem para promover um consumo mais moderado.
Essas pesquisas abrem, portanto, caminhos interessantes para entender melhor como fatores simples, como memória ou rótulos, podem modular o consumo de álcool. No entanto, serão necessários estudos complementares para validar a eficácia dessas estratégias em larga escala.