🕵️‍♂️ Estudo revela crescimento alarmante de fraude científica organizada

Publicado por Adrien,
Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences
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A ciência é frequentemente percebida como um bastião de verdade e rigor, mas um estudo recente revela uma face oculta preocupante. Redes organizadas manipulam o processo de publicação acadêmica em larga escala, ameaçando a credibilidade da pesquisa.

Uma investigação aprofundada, conduzida por pesquisadores da Universidade Northwestern, destaca práticas fraudulentas sofisticadas que escapam ao controle tradicional. Longe de serem atos isolados, essas manobras envolvem entidades coordenadas atuando em escala global. As consequências podem ser desastrosas se nada for feito para combater essa tendência crescente.


A equipe de pesquisa, liderada por Luís A. N. Amaral, combinou a análise de vastos conjuntos de dados com estudos de caso para desvendar essas redes. Eles examinaram publicações retratadas, duplicações de imagens e periódicos desindexados, apoiando-se em bases de dados importantes como Web of Science e PubMed. Seu método permitiu identificar padrões repetitivos que indicam fraude sistemática em vez de erros pontuais. Essas descobertas destacam a amplitude do problema, que agora supera o crescimento das publicações legítimas.

Entre as táticas empregadas, as "fábricas de artigos" (paper mills) produzem em massa manuscritos de baixa qualidade, frequentemente com dados fabricados ou conteúdo plagiado. Esses documentos são vendidos a pesquisadores ansiosos para publicar rapidamente, às vezes por milhares de dólares, comprando até mesmo posições de autoria. Corretores atuam como intermediários, facilitando a publicação em periódicos comprometidos ou infiltrados. Essa industrialização da fraude permite que alguns construam uma reputação sem realizar pesquisas genuínas.

As redes fraudulentas evitam controles visando subáreas vulneráveis ou desviando periódicos abandonados. Por exemplo, o periódico HIV Nursing, antes legítimo, foi retomado para publicar milhares de artigos sem relação com sua área inicial. Os pesquisadores insistem na necessidade de uma abordagem multidimensional, incluindo maior vigilância dos processos editoriais e melhores ferramentas de detecção.

O advento da inteligência artificial generativa agrava os riscos, pois pode amplificar a produção de conteúdo fraudulento. Sem medidas preventivas, a literatura científica corre o risco de ser inundada por informações falsas, que serão até mesmo usadas posteriormente para treinar modelos de IA futuros. Essa situação alarmante exige uma reestruturação urgente dos incentivos no meio científico, para preservar a integridade e a confiança do público.

Paper mills: fábricas de fraudes científicas


As paper mills são organizações que produzem em série artigos científicos falsificados. Elas exploram a pressão publish or perish (publicar ou perecer) no meio acadêmico, onde os pesquisadores precisam publicar constantemente para avançar em suas carreiras.

Essas entidades vendem manuscritos completos ou posições de autoria, frequentemente por meio de corretores que atuam nas sombras. Os preços variam de acordo com a posição na lista de autores, sendo o primeiro lugar o mais caro.

Os artigos gerados frequentemente contêm imagens manipuladas, dados inventados ou plágio, tornando sua detecção difícil sem ferramentas especializadas. Isso prejudica a qualidade das bases de dados científicas usadas para pesquisas futuras.

O combate a essas práticas requer colaboração internacional e tecnologias avançadas de análise de texto e imagens para identificar similaridades e inconsistências.

A infiltração de periódicos acadêmicos


Periódicos acadêmicos são às vezes infiltrados por atores mal-intencionados que contornam os processos de revisão por pares. Isso pode ocorrer por meio da corrupção de editores ou do desvio de títulos de periódicos abandonados.

Quando um periódico encerra suas atividades, seu nome e site podem ser readquiridos por fraudadores para publicar artigos sem controle de qualidade. Essas publicações são então indexadas em bases de dados reputadas, conferindo-lhes uma aparência de legitimidade.

Isso representa um grande problema para agências de indexação como Scopus ou PubMed, que precisam constantemente atualizar suas listas para excluir fontes não confiáveis. A vigilância aumentada das comunidades científicas é importante para denunciar esses casos.

Iniciativas como Retraction Watch ajudam a rastrear retratações, mas é necessária automação para lidar com a amplitude do problema.
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