Há 30 mil anos, esses europeus usavam piercings nas bochechas 🔍

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Journal of Paleolithic Archaeology
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Há 30 mil anos, as crianças europeias já usavam piercings nas bochechas. Essa descoberta, resultante da análise de dentes antigos, lança luz sobre as práticas sociais das populações da era glacial.

Os sinais de desgaste nos dentes dos esqueletos pavlovianos, uma cultura de caçadores-coletores, intrigam os cientistas há décadas. Um estudo recente propõe uma explicação inédita: essas marcas seriam causadas por piercings faciais, chamados labrets, usados desde a infância.


Trecho do estudo. Sulcos são claramente visíveis em alguns dentes.


O enigma dos dentes antigos


Os dentes dos pavlovianos, datados de 25 mil a 29 mil anos, apresentam sinais de desgaste incomuns. Essas marcas planas, localizadas nos caninos e molares, não correspondem aos padrões clássicos de desgaste dentário.

Os cientistas há muito tentam explicar essas anomalias. Teorias sugeriam hábitos alimentares ou o uso de ferramentas, mas nenhuma se mostrou conclusiva. A hipótese dos piercings faciais oferece uma nova perspectiva.

Os labrets, uma explicação ousada


John Willman, antropólogo da Universidade de Coimbra, sugere que os labrets, usados na bochecha ou no lábio, causaram esse desgaste. O atrito repetido entre o piercing e os dentes teria deixado marcas distintivas.

O estudo dos esqueletos mostra que esses piercings eram usados desde a infância. Os dentes de leite apresentam sinais de desgaste, enquanto os dos adultos revelam marcas mais pronunciadas, indicando uso prolongado.

Uma prática social e identitária


Os labrets teriam servido como marcadores de pertencimento a um grupo ou símbolos de rituais de passagem. Seu uso desde a infância sugere uma integração precoce na comunidade.

Nos adultos, o desgaste mais extenso poderia refletir mudanças de status social. Os piercings, feitos de materiais perecíveis como madeira ou couro, não sobreviveram ao tempo, mas seu impacto nos dentes permanece visível.

Um novo olhar sobre as culturas antigas


Essa descoberta ressalta a complexidade das práticas sociais dos pavlovianos. Os piercings, longe de serem uma simples decoração, desempenhavam um papel crucial em sua identidade coletiva.

A ausência de artefatos de labrets nas escavações lembra que muitos objetos do cotidiano desapareceram. Este estudo convida a reconsiderar os vestígios deixados pelas culturas antigas, além dos restos materiais.
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