Homo erectus conseguiu se adaptar aos desertos há 1 milhão de anos 🌵

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature Communications Earth & Environment
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
Há mais de um milhão de anos, o Homo erectus desafiou as condições extremas dos desertos africanos. Um estudo recente revela como esse ancestral da humanidade prosperou em ambientes áridos, muito antes do Homo sapiens.

As gargantas de Oldupai, na Tanzânia, oferecem uma visão única dessa época. Esse local, frequentemente considerado o berço da humanidade, forneceu pistas sobre como o Homo erectus conseguiu se adaptar a paisagens hostis. Os pesquisadores reconstituíram um ambiente marcado pela seca, onde os recursos eram escassos e dispersos.


Gargantas de Olduvaí 2011.
Imagem Wikimedia


Um ambiente hostil


Entre 1,2 e 1 milhão de anos antes da nossa era, a região de Oldupai era dominada por planícies semi-desérticas. As análises de sedimentos e pólens fósseis mostram uma vegetação esparsa, composta principalmente por plantas resistentes à seca. As condições climáticas eram extremas, com temperaturas elevadas e baixa disponibilidade de água.

Os pesquisadores também identificaram vestígios de queimadas e solos salinos, características de zonas áridas. Esses elementos confirmam que o ambiente era particularmente inóspito. No entanto, o Homo erectus não apenas sobreviveu, mas também prosperou nesse meio.

Estratégias de adaptação engenhosas


O Homo erectus desenvolveu técnicas sofisticadas para explorar os recursos disponíveis. As ferramentas de pedra, como bifaces e raspadores, testemunham um domínio técnico avançado. Esses instrumentos permitiam processar carcaças de animais e extrair a medula óssea, uma fonte nutritiva essencial.

Os pontos de água, como lagoas e confluências de rios, desempenhavam um papel central em sua sobrevivência. O Homo erectus retornava regularmente a esses locais estratégicos, demonstrando capacidade de planejamento e adaptação às restrições ambientais.

Uma alimentação diversificada


As análises isotópicas dos fósseis revelam uma dieta variada. O Homo erectus consumia animais de médio porte, como bovinos e antílopes, além de plantas disponíveis nesse ambiente árido. Essa onivoria provavelmente foi um fator-chave de sua resiliência.

As marcas de corte nos ossos de animais indicam uma exploração intensiva dos recursos. Essa estratégia permitia maximizar o aporte nutricional em um ambiente onde a comida era escassa.

Uma flexibilidade ecológica inesperada


Ao contrário da ideia preconcebida de que o Homo erectus estava limitado a ambientes temperados, este estudo mostra que ele era capaz de se adaptar a condições extremas. Essa flexibilidade ecológica provavelmente facilitou sua expansão para fora da África, em direção a regiões áridas da Eurásia.

As descobertas de Oldupai redefinem nossa compreensão da evolução humana. Elas destacam que a capacidade de sobreviver em ambientes hostis não é uma exclusividade do Homo sapiens, mas uma característica compartilhada com seus ancestrais.
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