Diante de um número recorde de casos de dengue, o Brasil está adotando uma estratégia inovadora: a introdução de mosquitos geneticamente modificados para reduzir a transmissão desta doença viral.
A dengue, uma infecção espalhada pelo mosquito fêmea Aedes aegypti, registrou mais de um milhão de casos nos dois primeiros meses do ano, marcando um aumento de 226% em comparação ao mesmo período em 2023. Essa situação alarmante levou cidades como o Rio de Janeiro a declararem estado de emergência sanitária.
Imagem ilustrativa Pixabay
Quase metade da população mundial vive em áreas expostas à dengue, uma doença endêmica no Brasil, onde circula constantemente. Entre 2003 e 2019, o país relatou mais de 11 milhões de casos. A doença apresenta sintomas como febre, dor de cabeça e náuseas, que geralmente desaparecem em dois a sete dias. No entanto, pode se agravar e requerer hospitalização e até mesmo levar à morte. Não há tratamento específico para a dengue, que não é transmitida de pessoa para pessoa.
Em resposta a essa crise, as autoridades de saúde brasileiras, em colaboração com a empresa de biotecnologia Oxitec, começaram a testar o uso de mosquitos geneticamente modificados. Esses mosquitos machos, portadores de um gene letal para suas descendentes fêmeas, têm como objetivo reduzir a população de mosquitos capazes de transmitir o vírus aos seres humanos. Os ovos modificados são colocados em caixas que, ao entrarem em contato com a água, permitem a eclosão e o desenvolvimento dos mosquitos, que cumprem sua missão em dez dias. Esta abordagem pode diminuir em até 90% a população de A. aegypti nas áreas tratadas.
O Brasil não é o primeiro país a recorrer a mosquitos modificados; essa técnica foi utilizada pela primeira vez nos Estados Unidos em 2021. Além disso, cientistas também infectaram intencionalmente mosquitos com uma bactéria chamada Wolbachia para reduzir sua capacidade de propagar a dengue. Embora preocupações tenham sido levantadas sobre a possibilidade de esses mosquitos geneticamente modificados produzirem descendentes viáveis, até agora não há provas que sugiram um risco para os humanos.