Pratos com carne de vaca... sem carne de vaca? 🥩

Publicado por Adrien,
Fonte: Universidade Laval
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Os consumidores nem sempre têm o que esperam pelo dinheiro investido ao comprar alimentos de carne que alegam conter carne de vaca, sugere um estudo publicado na revista científica Food and Humanity por uma equipe da Universidade Laval. Os trabalhos desta equipe revelam que a carne de vaca frequentemente representa uma fração marginal do conteúdo total de carne nesses produtos. Pior ainda, alguns desses alimentos não contêm carne de vaca em quantidade mensurável.


A equipe de pesquisa chegou a essas conclusões após analisar amostras de 68 alimentos processados ou ultraprocessados contendo carne de vaca e pelo menos outro tipo de carne. Tratava-se, na maioria das vezes, de carnes mais baratas que a carne de vaca, como carne de porco, frango ou peru, ou ainda cordeiro. Esses produtos foram comprados em quatro supermercados da cidade de Quebec entre janeiro e setembro de 2023. Entre eles, havia, por exemplo, carne moída, bolo de carne, tortas de carne, salsichas e embutidos, almôndegas, lasanha, pizza e molhos.

"O nosso único critério de seleção para esses produtos era que a lista de ingredientes incluísse o termo 'vaca' ou 'vitela'. Para 58 desses produtos, a carne de vaca era explicitamente mencionada na lista de ingredientes. Para os outros 10 produtos, a menção era 'e/ou carne de vaca'", destaca a principal autora do estudo, a doutoranda Gabrielle Vatin, membro da equipe do professor Samuel Godefroy, do Departamento de Ciências dos Alimentos e do Instituto de Nutrição e Alimentos Funcionais da Universidade Laval.

Os pesquisadores analisaram amostras desses produtos para quantificar o conteúdo de DNA de vaca e DNA animal. "Esses dados nos permitem determinar a abundância relativa da carne de vaca em relação a todas as carnes contidas em cada um desses alimentos", explica Gabrielle Vatin.

Primeiro achado: a quantidade de carne de vaca contida nesses produtos é variável e, muitas vezes, muito baixa. De fato, 27% das amostras que exibiam explicitamente carne de vaca na lista de ingredientes continham entre 0,04% e 5% de carne de vaca em relação ao conteúdo total de carne, e 13% continham menos de 0,04%. "Isso significa que, em 40% das amostras que testamos, a carne de vaca representava menos de 5% da mistura de carnes", resume Gabrielle Vatin. "Pode-se dizer que esses produtos contêm muito pouca carne de vaca."

Segundo achado: a carne de vaca é escassa nos 10 produtos com a menção 'e/ou carne de vaca'. Em cada um desses produtos, o percentual de carne de vaca na mistura de carnes é inferior a 3,3%. Em sete desses produtos, o percentual de carne de vaca é inferior a 1%, incluindo dois produtos nos quais nenhuma traço de carne de vaca foi detectado.

A regulamentação canadense não obriga os fabricantes a especificar a quantidade de cada ingrediente contido em um produto alimentício, mas a ordem de apresentação dos ingredientes deve refletir sua abundância em termos de peso. "Encontramos muitos produtos em que a posição ocupada pela carne de vaca na lista de ingredientes não refletia sua posição em termos de abundância", destaca a doutoranda.

Expectativas frustradas


Paralelamente às análises laboratoriais, a equipe de pesquisa realizou uma pesquisa com 484 pessoas para avaliar seus conhecimentos e percepções em relação às informações presentes no rótulo de alimentos multicarne que alegam conter carne de vaca. "Quando a carne de vaca aparece como a primeira carne na lista de ingredientes, a maioria dos entrevistados espera que o produto contenha pelo menos 50% de carne de vaca. Em 70% dos produtos que testamos, isso não ocorreu", observa a estudante-pesquisadora.

Além disso, as análises revelaram que 66% dos entrevistados não compreendiam completamente o sentido da expressão 'e/ou carne de vaca'. Após entenderem seu significado, 87% dos respondentes consideraram que a expressão é enganosa ou potencialmente enganosa.

"O nosso estudo mostra que algumas empresas que fabricam alimentos multicarne alegando conter carne de vaca, às vezes desrespeitam certas disposições da regulamentação canadense sobre alimentos. Para corrigir esta situação, seria necessário que os inspetores das autoridades regulatórias canadenses realizassem mais inspeções surpresa nas empresas. Também seria preciso regulamentar melhor o uso da denominação 'e/ou'", sugere Gabrielle Vatin.

Além disso, para proteger melhor os consumidores, a doutoranda acredita que seria necessário considerar um sistema de rotulagem que permitisse indicar a quantidade de cada ingrediente presente em um produto. "Como consumidora, considero que há um problema quando não sou capaz de saber o que contém o produto que estou comprando."

Os outros coautores do estudo, publicado na Food and Humanity, são Jérémie Théolier, Silvia Dominguez e Samuel Godefroy.
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