🌊 Quando o derretimento do gelo norte-americano elevou os oceanos em 10 metros

Publicado por Adrien,
Fonte: Nature Geoscience
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O derretimento das imensas calotas polares que cobriam nosso planeta no passado alterou profundamente o nível dos oceanos no final da última era glacial, mas os cientistas acabam de descobrir que a importância relativa dessas diferentes fontes de derretimento era muito diferente do que imaginavam.

Um estudo liderado pela Universidade Tulane e publicado na Nature Geoscience revela que as calotas polares da América do Norte desempenharam um papel muito mais importante do que o esperado na elevação do nível do mar global há cerca de 8.000 a 9.000 anos. Essas massas de gelo que cobriam a maior parte do Canadá teriam causado sozinhas um aumento de mais de 10 metros no nível do mar, uma contribuição que supera amplamente a da Antártida durante o mesmo período. Essa descoberta desafia décadas de pesquisas que atribuíam um papel preponderante ao gelo antártico.


Imagem ilustrativa Pixabay

A reconstrução desses eventos antigos foi possibilitada por uma descoberta casual no delta do Mississippi, onde sedimentos de pântanos antigos profundamente enterrados foram preservados. A datação por carbono 14 dessas amostras permitiu que os pesquisadores traçassem a evolução do nível do mar ao longo de mais de 10.000 anos. Combinando esses dados com registros da Europa e do Sudeste Asiático, a equipe conseguiu estabelecer comparações em escala global que revelaram diferenças impressionantes nas taxas de elevação do nível do mar.

Esse derretimento maciço do gelo norte-americano liberou enormes quantidades de água doce no Oceano Atlântico Norte, uma região particularmente sensível do sistema climático global. Esse aporte de água doce poderia ter afetado correntes oceânicas como a Corrente do Golfo, que desempenha um papel crucial na regulação do clima europeu. No entanto, os dados sugerem que esse sistema mostrou uma resiliência surpreendente diante dessas mudanças drásticas.

Os pesquisadores destacam que este estudo demonstra a importância de adotar uma perspectiva verdadeiramente global nos estudos climáticos. Ao ampliar seu campo de investigação além da América do Norte e Europa para incluir dados de qualidade do Sudeste Asiático, eles conseguiram obter uma visão mais completa dos mecanismos que regem nosso sistema climático e sua evolução ao longo dos milênios.

A Corrente do Golfo e sua sensibilidade climática


A Corrente do Golfo é uma corrente oceânica importante que transporta águas quentes dos trópicos para o Atlântico Norte, contribuindo para o clima temperado do noroeste da Europa. Essa corrente faz parte de um sistema mais amplo chamado circulação termohalina, que funciona como uma esteira oceânica gigante.

Essa circulação depende das diferenças de densidade da água: as águas frias e salgadas do Atlântico Norte mergulham para as profundezas, criando uma sucção que mantém a corrente. A chegada maciça de água doce, menos densa, pode desacelerar ou até interromper esse processo de mergulho.

Historicamente, influxos significativos de água doce já perturbaram essa circulação, como durante eventos climáticos passados que causaram resfriamentos rápidos na Europa. Esses episódios mostram a fragilidade potencial desse sistema diante de mudanças ambientais.

A resiliência observada neste estudo mostra que a circulação oceânica possui mecanismos de regulação inesperados.
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