Um estudo publicado recentemente na revista científica The Lancet chamou a atenção para um fenômeno alarmante: a previsão de queda nas taxas de natalidade em escala mundial. Este estudo, realizado em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), destaca um declínio inevitável da população na maioria dos países até o final do século.
De acordo com os pesquisadores, mais da metade dos países já apresenta taxas de fertilidade insuficientes para assegurar a renovação de sua população. Essa tendência, considerada preocupante, deve continuar no futuro, com consequências potencialmente graves para a economia e a sociedade.
O estudo baseia-se em uma análise cuidadosa dos dados coletados pelo Global Burden of Disease, um programa apoiado pela fundação americana Bill & Melinda Gates, que visa compilar informações sobre saúde em escala global. Os pesquisadores examinaram não só as taxas de fertilidade atuais, mas também os fatores que podem influenciar sua evolução futura, como o nível de educação ou a mortalidade infantil.
Os resultados do estudo são claros: até 2050, três quartos dos países poderiam apresentar taxas de fertilidade insuficientes para manter sua população atual. Até 2100, a situação poderia piorar ainda mais, com 97% dos países afetados por essa queda na fecundidade.
Essa tendência acompanha um desequilíbrio entre os países desenvolvidos, onde a população está em declínio, e os países menos ricos, especialmente na África Subsaariana, onde o crescimento demográfico continua. Essa disparidade, destacam os pesquisadores, poderia levar a grandes desafios, tanto econômicos quanto sociais.
No entanto, apesar da importância desses resultados, os pesquisadores pedem cautela. Eles alertam para as limitações de suas previsões, especialmente devido à falta de dados confiáveis em muitos países em desenvolvimento. Além disso, enfatizam a necessidade de adotar uma abordagem equilibrada, distante do sensacionalismo, para tratar esse fenômeno complexo.
Este estudo destaca um desafio importante para as próximas décadas: como lidar com uma queda drástica nos nascimentos em escala global? As respostas a essa pergunta exigirão uma ação conjunta no nível internacional, a fim de mitigar os impactos potenciais sobre as economias, a segurança alimentar, a saúde pública e o meio ambiente.