O radão, um gás radioativo, liberado do solo pelo aquecimento global
O permafrost, esta camada de solo permanentemente congelada no Ártico, desempenha um papel crucial ao atuar como uma tampa sobre o solo, impedindo assim a fuga de vários gases para a atmosfera. Entre esses gases, o metano é bem conhecido por seu potencial em acelerar as mudanças climáticas quando liberado. No entanto, um novo estudo publicado em Earth-Science Reviews destaca um perigo menos conhecido, mas igualmente preocupante: o radão.
O radão, um gás incolor e inodoro, resultante da desintegração radioativa do urânio natural, pode se acumular em residências, aumentando o risco de câncer de pulmão entre os ocupantes. De acordo com a Environmental Protection Agency, o radão é a segunda maior causa de câncer de pulmão nos Estados Unidos, com 21.000 mortes anuais atribuídas à sua exposição.
Atualmente, o radão nem sempre representa um problema urgente nas regiões árticas ou próximas ao Ártico, onde o solo permanece congelado o ano todo. Mas à medida que o permafrost derrete, essa barreira protetora desaparece. A pesquisa sobre a migração do radão em regiões contendo permafrost permanece muito insuficiente, destacam os autores do estudo. Eles compilaram estudos anteriores sobre o assunto, incluindo dados do Alasca e das montanhas de Harbin na China, para mostrar que a degradação do permafrost poderia permitir que o radão migrasse para residências e locais de trabalho.
O permafrost não derrete de maneira uniforme, mas de forma irregular, criando fissuras pelas quais o radão pode escapar. A atividade sísmica no Alasca, por exemplo, pode criar novas falhas facilitando a passagem do radão. As interações potenciais do radão com outros gases aprisionados sob o permafrost, como o metano e o metilmercúrio, também levantam preocupações.