🥚 O núcleo de Marte cheira a ovo podre

Publicado por Adrien,
Fonte: Nature Communications
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O núcleo de Marte formou-se a uma velocidade surpreendente, muito mais rápida do que o da Terra. Experiências recentes revelam o papel crucial dos sulfuretos de ferro e níquel nesse processo.

Os planetas, como Marte, são estruturados em camadas distintas, com um núcleo no centro. Essa estratificação, chamada de diferenciação, resulta da separação dos elementos por densidade. Os mais pesados, como ferro e níquel, migram para o centro, enquanto os mais leves permanecem na superfície.


Tradicionalmente, pensava-se que a formação do núcleo exigia um interior planetário completamente fundido. No entanto, Marte desafia essa hipótese, com um núcleo formado em apenas alguns milhões de anos. Essa rapidez sugere um mecanismo diferente do da Terra.

Uma equipe de pesquisadores realizou experimentos em alta temperatura para simular as condições de formação do núcleo marciano. Eles descobriram que os sulfuretos fundidos podiam atravessar rochas sólidas, acelerando assim a formação do núcleo. Essa descoberta lança uma nova luz sobre os processos de formação planetária.

Os cientistas também analisaram meteoritos para validar seus resultados. Eles encontraram vestígios de metais do grupo da platina, confirmando sua hipótese. Esses elementos raros servem como marcadores para rastrear o caminho dos sulfuretos em direção ao núcleo.

Este estudo não se limita a Marte. Pode ser aplicado a outros corpos celestes formados em condições semelhantes. Núcleos ricos em enxofre, como o de Marte, podem ser mais comuns do que se pensava. O enxofre, com seu odor característico de ovo podre, marca assim a história desses planetas.


No início (estágio I), os conjuntos formadores do núcleo eram principalmente compostos de sulfuretos de ferro e níquel.
Esses sulfuretos começavam a fundir em torno de 800 °C e migravam para o centro para formar um núcleo de sulfuretos de Fe e Ni.
Em seguida (estágio II), a sílica começou a fundir, carregando consigo gotículas de sulfuretos imiscíveis.
Essas gotículas e a sílica fundida subiam para formar a crosta (estágio III).
Os mantos dos corpos parentais oxidados perdiam parte de seu alumínio-26, formando restitos mantélicos.
O núcleo de sulfureto poderia ter cristalizado em um pequeno núcleo interno rico em níquel e um grande núcleo externo composto de monossulfureto sólido.
Ao resfriar, este último teria se separado em troilita e pentlandita.

Os resultados desta pesquisa, publicados na Nature Communications, abrem novas perspectivas sobre a formação dos planetas. Eles mostram que os núcleos podem se formar rapidamente, mesmo em ambientes parcialmente sólidos.

Por que o núcleo de Marte é tão diferente do da Terra?


A composição e a velocidade de formação do núcleo marciano diferem significativamente das da Terra. Essa divergência é explicada pelas condições únicas de formação de Marte.

Marte formou-se em uma região do disco protoplanetário onde o enxofre era abundante. Esse elemento facilitou a formação rápida do núcleo, permitindo que os metais pesados migrassem mais facilmente.

Ao contrário da Terra, Marte não experimentou uma fusão completa de seu interior. Os sulfuretos puderam se acumular no centro sem exigir calor extremo, acelerando assim o processo.

Essa diferença na formação tem implicações importantes. Ela explica por que Marte perdeu seu campo magnético mais cedo do que a Terra, afetando sua evolução climática e sua potencial habitabilidade.
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