Quando os astrônomos avistaram o 3I/ATLAS em julho de 2025, eles não sabiam que já existiam dados anteriores. O satélite TESS, projetado para observar estrelas e exoplanetas, havia capturado imagens desse objeto já no mês de maio. Esta missão espacial utiliza câmeras sensÃveis para detectar quedas de brilho causadas pela passagem de planetas em frente à sua estrela hospedeira.
Imagem do Hubble mostrando 3I/ATLAS em julho de 2025. Crédito: NASA/ESA
Para extrair o sinal fraco do 3I/ATLAS, os pesquisadores empregaram um método chamado 'shift-stacking'. Eles alinharam e sobrepuseram várias imagens tiradas em intervalos regulares, revelando assim a presença do objeto que se movia rapidamente. Esta técnica permite amplificar o brilho de corpos celestes pouco visÃveis em uma única fotografia.
Entre maio e junho, o brilho do 3I/ATLAS aumentou em um fator cinco, muito além do que justificava sua proximidade crescente com o Sol. Os cientistas atribuem esta atividade à sublimação de materiais hipervoláteis, como o dióxido de carbono. Estes compostos gasosos evaporam-se a temperaturas mais baixas que o gelo de água, criando uma coma luminosa em torno do núcleo cometário.
Ao contrário dos cometas do Sistema Solar, que muitas vezes perderam seus voláteis, o 3I/ATLAS mostra uma composição diferente, proveniente de um ambiente diferente na galáxia. As observações do TESS não permitiram determinar o perÃodo de rotação do núcleo, mascarado pela coma.
O que é um objeto interestelar?
Um objeto interestelar é um corpo celeste, como um cometa ou asteroide, que não orbita uma estrela mas viaja livremente entre sistemas estelares. Estes corpos provêm de outras regiões da galáxia e ocasionalmente atravessam nosso Sistema Solar. Seu estudo oferece pistas sobre a formação e evolução de planetas em ambientes fora do Sistema Solar. Ao contrário dos objetos ligados ao Sol, eles podem ter composições e histórias muito diferentes.
A detecção destes objetos é recente, com apenas alguns exemplos confirmados até hoje. Cada descoberta permite aos cientistas testar teorias sobre a dinâmica e quÃmica de sistemas planetários. As missões espaciais futuras poderiam incluir encontros com tais objetos para análises diretas, abrindo novas perspectivas em astronomia.
Como funciona o método de shift-stacking?
O shift-stacking é uma técnica de imageamento astronômico usada para detectar objetos fracos ou em movimento rápido. Consiste em tirar uma série de imagens e deslocá-las digitalmente para alinhar a posição do objeto alvo em cada quadro. Ao sobrepor estas imagens alinhadas, o sinal do objeto é reforçado, enquanto o ruÃdo de fundo é reduzido. Isso permite revelar detalhes que seriam invisÃveis em uma única exposição, como a forma ou o brilho de um cometa distante.
Este método é particularmente útil para telescópios que capturam imagens em alta frequência, como o TESS com suas fotos a cada 200 segundos. Requer cálculos precisos para prever a trajetória do objeto. O shift-stacking tem no entanto sido aplicado com sucesso a diversas descobertas, desde asteroides até fenômenos transitórios, demonstrando sua importância na análise de dados astronômicos modernos.