⚠️ Inaladores poluem tanto quanto 530 mil carros por ano

Publicado por Adrien,
Fonte: JAMA
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Os inaladores, esses dispositivos médicos essenciais para milhões de pessoas que sofrem de asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica, escondem uma realidade ambiental sombria. Um estudo recente conduzido pela UCLA Health revela o impacto climático considerável desses tratamentos diários, levantando questões sobre o equilíbrio entre a saúde humana e a preservação do planeta.

O estudo publicado na JAMA quantificou pela primeira vez em grande escala as emissões de gases de efeito estufa relacionadas aos inaladores nos Estados Unidos. Os pesquisadores analisaram dados de prescrições ao longo de uma década, descobrindo que esses dispositivos médicos geram anualmente mais de 2 milhões de toneladas de equivalente CO₂. Essa quantidade representa a poluição anual de aproximadamente 530 mil carros a gasolina, uma comparação que dá a medida do problema ambiental representado por esses tratamentos.


Diferentes tipos de inaladores usados para doenças respiratórias
Crédito: Cnordic Nordic from Pexels

A análise detalhada mostra que os inaladores dosimetrados pressurizados são responsáveis por 98% dessas emissões nos últimos dez anos. Esses dispositivos contêm hidrofluorcarbonetos usados como propelentes, gases com potencial de aquecimento extremamente elevado. O Dr. William Feldman, pneumologista e pesquisador principal do estudo, ressalta que essas emissões contribuem para a pegada de carbono crescente do sistema de saúde americano, ao mesmo tempo que expõe pacientes com doenças respiratórias crônicas a riscos adicionais.

As alternativas existem, no entanto, como os inaladores de pó seco ou os sistemas de névoa suave que administram os medicamentos sem recorrer a gases propelentes. Essas tecnologias menos poluentes representam uma oportunidade para conciliar cuidados médicos eficazes e proteção ambiental. A equipe de pesquisa planeja estudar mais aprofundadamente os resultados clínicos comparados entre inaladores de baixas e altas emissões, bem como as estratégias dos laboratórios farmacêuticos em relação a essas novas tecnologias.

A metodologia empregada baseia-se em um banco de dados abrangente de prescrições americanas, cruzado com estudos acadêmicos validados para estimar as emissões. Os pesquisadores agora pretendem estender suas investigações a populações específicas, como os beneficiários do Medicaid, e analisar as políticas de preços e patentes que cercam a implantação dos inaladores menos poluentes. Essa abordagem visa identificar as alavancas que permitem reduzir o impacto ambiental sem comprometer os cuidados aos pacientes.

Os hidrofluorcarbonetos nos inaladores


Os hidrofluorcarbonetos (HFC) são gases sintéticos desenvolvidos inicialmente para substituir os clorofluorcarbonetos (CFC) que danificavam a camada de ozônio. Embora não destruam o ozônio, os HFC possuem um potencial de aquecimento até várias milhares de vezes superior ao dióxido de carbono.

Nos inaladores dosimetrados, esses gases servem como propelentes para vaporizar o medicamento e conduzi-lo profundamente para os pulmões. Durante o uso, uma parte significativa desses gases é liberada diretamente na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global.

A regulamentação dessas substâncias é objeto de acordos internacionais como a emenda de Kigali ao protocolo de Montreal, que prevê sua redução progressiva. A indústria farmacêutica desenvolve alternativas sem HFC, mas sua adoção encontra obstáculos regulatórios e técnicos.

A transição para sistemas sem HFC requer reformulações de medicamentos e novos dispositivos de administração, um processo que pode levar vários anos antes de resultar em soluções tão eficazes quanto os inaladores tradicionais.
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