💣 Minas abandonadas: uma importante fonte oculta de CO₂ que preocupa os cientistas

Publicado por Adrien,
Fonte: Environmental Earth Sciences
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As minas de carvão abandonadas podem ser fontes importantes de gases de efeito estufa, libertando dióxido de carbono para a atmosfera. Uma pesquisa recente revela que estes locais esquecidos continuam a influenciar o nosso clima muito depois do fim da sua exploração, através de mecanismos químicos pouco conhecidos.

Quando a água de drenagem das minas entra em contacto com o ar, liberta CO₂ que escapa para a atmosfera. Este fenómeno de desgaseificação ocorre quando as águas carregadas com ácido sulfúrico dissolvem as rochas carbonatadas circundantes, libertando carbono aprisionado há milhões de anos. As medições efectuadas em 140 minas abandonadas na Pensilvânia mostram que as suas emissões anuais equivalem às de uma pequena central a carvão, o que representa uma contribuição significativa para as alterações climáticas.


As águas de drenagem das minas de carvão abandonadas libertam CO₂ para a atmosfera de acordo com as pesquisas da geoquímica Dorothy Vesper.
Imagem Wikimedia

A dificuldade maior reside na identificação de todos estes locais mineiros abandonados, cujo número exacto permanece desconhecido. Dorothy Vesper e a sua equipa têm frequentemente de percorrer zonas florestais para localizar minas sinalizadas, mas descobrem frequentemente que as aberturas desapareceram ou que os escoamentos cessaram. Esta ausência de recenseamento completo impede uma avaliação precisa do impacto global destas emissões, que potencialmente afectam todas as regiões mineiras do mundo.

Para medir estas concentrações excepcionais de CO₂, os investigadores tiveram de recorrer a um instrumento proveniente da indústria de bebidas, capaz de detectar níveis até mil vezes superiores aos das águas naturais. Este aparelho portátil, habitualmente utilizado nas cervejarias e fábricas de engarrafamento, revelou-se perfeitamente adaptado às condições extremas encontradas no terreno. Os resultados obtidos mostram variações temporais importantes, relacionadas com as condições hidrológicas locais.

Soluções simples como manter os escoamentos subterrâneos em condutas ou direccionar as águas para zonas húmidas de tratamento poderiam reduzir significativamente as emissões. Estas abordagens permitiriam limitar a desgaseificação atmosférica enquanto tratam a poluição mineira de maneira mais global e sustentável.

Os trabalhos apresentados no congresso GSA Connects 2025 abrem novos caminhos para compreender e atenuar esta fonte pouco conhecida de gases de efeito estufa. A comunidade científica começa apenas a tomar consciência da importância destas emissões residuais, que poderiam modificar a nossa abordagem da gestão dos locais mineiros abandonados à escala mundial.

O carbono geológico e o seu destino


O carbono contido nas rochas carbonatadas representa uma imensa reserva natural formada há centenas de milhões de anos. Estas formações geológicas constituíram-se por acumulação de conchas e esqueletos de organismos marinhos, aprisionando o carbono atmosférico da época.

A actividade mineira perturba este equilíbrio geológico ao expor estas rochas antigas a novas condições químicas. As galerias escavadas pelo homem criam vias de escoamento privilegiadas para as águas ácidas, acelerando consideravelmente os processos de erosão natural que, de outro modo, levariam milénios.

Uma vez libertado, este carbono antigo junta-se ao ciclo do carbono moderno, contribuindo para o aumento das concentrações atmosféricas de CO₂. Ao contrário do carbono recente proveniente da combustão de energias fósseis, esta fonte era até agora largamente ignorada nos balanços de carbono.

A particularidade destas emissões reside na sua persistência: podem continuar durante décadas, ou mesmo séculos após o abandono das minas. Esta duração excepcional explica-se pela lentidão dos processos geoquímicos e pela quantidade colossal de rochas carbonatadas expostas.
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