🪸 Descoberta de um papel fundamental dos recifes de coral no ciclo do carbono

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences
Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
As arquiteturas vivas dos corais abrigam uma rica biodiversidade, mas também teriam desempenhado, ao longo dos tempos geológicos, um papel central no equilíbrio climático global. Um estudo recente indica que a sua presença ou o seu desaparecimento ditou o ritmo da capacidade da Terra para absorver os excessos de carbono atmosférico. Este mecanismo, revelado por uma equipa internacional, esclarece as interações entre a vida, as rochas e o clima à escala das eras.

Publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, estes trabalhos utilizam simulações paleoclimáticas e geológicas para refazer a história dos recifes ao longo de 250 milhões de anos. Eles revelam que o nosso planeta alternou entre dois estados funcionais, ditados pela vitalidade dos recifes de coral em águas pouco profundas. Estes estados influenciavam diretamente a taxa de sequestro de carbono e a velocidade de regulação do clima após perturbações maiores.



As duas faces do ciclo do carbono marinho


Quando os recifes são prósperos, o carbonato de cálcio acumula-se nos sedimentos costeiros. Este processo aprisiona carbono de forma muito estável a longo prazo, mas é relativamente lento e limita a disponibilidade de iões carbonato em alto mar. Isto pode restringir o desenvolvimento do plâncton calcificante em oceano aberto, que é, no entanto, um ator-chave da rápida bomba biológica de carbono para os fundos marinhos.

Assim, quando a Terra precisa de absorver um excesso repentino de CO₂ atmosférico (após uma grande erupção vulcânica, por exemplo), esta configuração "dominada por recifes" pode retardar a velocidade inicial de recuperação. O sistema climático levaria então várias centenas de milhares de anos a recuperar o seu equilíbrio, porque depende principalmente de um processo de sequestro costeiro mais lento.

O segundo estado aparece durante os colapsos massivos dos recifes, provocados por mudanças tectónicas, variações do nível do mar ou crises climáticas. Sem este principal sumidouro costeiro, o carbonato dissolve-se na coluna de água. Os iões cálcio e alcalinos acumulam-se então no oceano aberto, o que aumenta a sua alcalinidade e a sua capacidade de absorver carbono.

Esta mudança química estimula a produtividade do nanoplâncton calcificante em alto mar. A bomba biológica é então reativada, acelerando a transferência do carbono da superfície para os sedimentos profundos. A recuperação climática após uma aporte massivo de carbono pode assim ser mais rápida, passando para uma escala de dezenas de milhares de anos.

Um legado biológico e químico profundo


Esta alternância de estados não só influenciou o clima, mas também moldou a evolução da vida marinha e a química dos oceanos. As fases de colapso recifal, ao favorecerem a exportação de nutrientes e carbonatos para o largo, criaram condições propícias ao florescimento do plâncton. A grande expansão destes organismos no registo fóssil coincide precisamente com períodos em que os recifes estavam em declínio.

Os autores do estudo salientam que estas mudanças alteraram o equilíbrio biogeoquímico global. O recuo dos recifes em águas pouco profundas favoreceu diretamente a diversificação e a eficiência das comunidades planctónicas em alto mar, redesenhando assim as vias do ciclo do carbono.

Os recifes surgem, portanto, como muito mais do que simples indicadores ambientais. São atores geofísicos por direito próprio, capazes de influenciar a resposta do planeta às perturbações. O seu estado determina se a Terra opera em modo de recuperação "lento" ou "rápido", um dado importante para compreender os climas do passado. Esta descoberta reforça a necessidade de os integrar plenamente nos modelos que reconstituem a história do clima.
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