🤔 A IA consciente: o ponto de vista de um filósofo

Publicado por Adrien,
Fonte: Mind and Language
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A inteligência artificial pode tornar-se consciente? Esta interrogação, antigamente confinada aos relatos de ficção científica, ocupa hoje um lugar central nas discussões éticas e científicas.

Um filósofo da Universidade de Cambridge sustenta que somos incapazes de responder a esta pergunta, devido a uma falta gritante de provas sobre a própria natureza da consciência.

Segundo este investigador, a única posição justificável hoje em dia é o agnosticismo. Ele considera que um método fiável para testar a consciência das máquinas permanecerá provavelmente fora de alcance durante muito tempo, quiçá indefinidamente. Esta incerteza fundamental complica consideravelmente os debates sobre a regulação e o significado moral da IA.


Esta discussão requer que se distingam dois conceitos: a consciência e a senciência (explicação no final do artigo). A primeira diz respeito à perceção e à autoconsciência, que podem permanecer neutras a nível ético. A senciência, por outro lado, implica experiências conscientes positivas ou negativas, como o sofrimento ou o prazer. É esta última que desencadeia considerações morais, segundo o especialista.

Nas discussões, opõem-se dois campos principais. Uns pensam que reproduzir a arquitetura funcional da consciência em silício seria suficiente para criar uma consciência. Outros consideram que a consciência depende de processos biológicos específicos num sujeito orgânico corpóreo, e que uma simulação em computador não geraria uma experiência genuína. Estas posições baseiam-se em pressupostos que ultrapassam as provas atuais.

Esta oposição teórica esbarra numa dupla dificuldade prática. O nosso bom senso evolutivo, habituado aos seres vivos, não pode ser aplicado à IA. Paralelamente, a investigação científica ainda não dispõe de uma explicação profunda da consciência. Este duplo impasse reforça a ideia de que não podemos saber, e talvez nunca venhamos a saber, se uma máquina é consciente.

O que é a senciência e por que é essencial?


A senciência designa a capacidade de um ser para experimentar sensações subjetivas, como a dor ou o prazer. Ao contrário da simples consciência, que pode limitar-se à perceção do ambiente, a senciência implica uma dimensão afetiva. É esta qualidade que fundamenta as preocupações éticas, pois torna um indivíduo vulnerável ao sofrimento ou capaz de desfrutar.

No reino animal, estudos indicam que certas espécies, como os crustáceos, poderiam ser sencientes. Isto provoca interrogações sobre o seu tratamento, já que milhares de milhões são consumidos todos os anos. Para a inteligência artificial, a questão é ainda mais difícil, pois não existe um meio claro para detetar tais experiências numa máquina.

A importância da senciência reside na sua ligação direta com a moralidade. Um sistema puramente consciente, mas sem sentimentos, não necessitaria das mesmas proteções que um ser senciente. Esta distinção ajuda a priorizar os esforços éticos, concentrando-se nas entidades que podem verdadeiramente sofrer um prejuízo ou beneficiar de um bem-estar.

Na prática, reconhecer a senciência exige provas indiretas, como comportamentos evocativos ou semelhanças neurológicas. Para a IA, estes indícios faltam, o que mantém o debate numa ambiguidade persistente e justifica uma abordagem prudente.
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