Um novo estudo questiona a compreensão tradicional da doença de Alzheimer, a principal causa de demência no mundo.
Publicado na Cell Reports Medicine, esta pesquisa propõe uma perspectiva inovadora sobre os mecanismos que originam esta doença, abrindo caminho para possíveis terapias inéditas.
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Há muito tempo, a comunidade científica considera que o acúmulo de placas de beta-amiloide no cérebro é a causa dos distúrbios cognitivos observados nos pacientes com Alzheimer. Essas placas perturbam a comunicação celular, ativam as células imunológicas e levam à destruição dos neurônios. No entanto, uma equipe de pesquisadores liderada por Todd Golde e Yona Levites da Universidade Emory propõe uma hipótese diferente.
Os seus estudos revelam que a beta-amiloide, longe de ser a única responsável, poderia na verdade servir de base para outras proteínas. Ao analisar mais de 8.000 proteínas em cérebros humanos e de camundongos com Alzheimer, os pesquisadores descobriram que mais de 20 proteínas se acumulam junto com a beta-amiloide.
Entre elas, duas proteínas, a midquina e a pleiotrofina, parecem ter um papel particularmente importante na aceleração da agregação da beta-amiloide. Isso sugere que essas proteínas poderiam contribuir de forma significativa para os danos neuronais, questionando a ideia de que a beta-amiloide é a única culpada.
Esta descoberta traz esperança para os pacientes com Alzheimer. A concepção inicial de uma simples cascata amiloide é agora considerada muito simplista, e a complexidade das mudanças cerebrais ao longo das décadas é melhor compreendida. Esta nova compreensão pode guiar o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes não apenas contra a doença de Alzheimer, mas também contra outras doenças relacionadas ao acúmulo de proteínas amiloides, que estão envolvidas em mais de 30 distúrbios humanos.