💡 E se nossas mucosas detivessem uma chave para frear o HIV?

Publicado por Adrien,
Fonte: CNRS INSB
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Em um artigo publicado na revista Mucosal Immunology, cientistas mostram que os anticorpos IgA presentes nas mucosas desempenham um papel-chave contra o HIV. Ao desencadear a destruição das células infectadas, o que permite subsequentemente a ativação dos linfócitos citotóxicos, eles reforçam a cooperação entre a imunidade inata e a imunidade adaptativa, abrindo caminho para novas estratégias para limitar a propagação do vírus.


Imagem ilustrativa Pixabay


Os anticorpos IgA: uma primeira barreira contra as infecções


Os anticorpos IgA mucosos representam a primeira linha de defesa do nosso organismo contra infecções que atacam as mucosas (como as do nariz, da boca, dos pulmões ou das vias genitais).

Cada anticorpo possui uma parte chamada região Fab, que varia de um anticorpo para outro e permite reconhecer antígenos específicos (moléculas estranhas presentes na superfície de vírus ou bactérias).

Os IgA também podem combater os vírus graças a outra parte comum a todos os anticorpos: o domínio Fc. Este domínio permite destruir as células infectadas por meio de um mecanismo chamado fagocitose celular dependente de anticorpos (ou ADCP, do inglês antibody-dependent cellular phagocytosis). Este processo é realizado por certas células do sistema imunológico inato, como os monócitos, que "comem" as células infectadas.

Estudos anteriores mostraram que a injeção de anticorpos IgG anti-HIV-1 (uma técnica chamada imunização passiva) poderia proteger primatas não humanos. Essa proteção dependia da ação dos linfócitos T CD8+, células citotóxicas do sistema imunológico, provavelmente graças à ADCP realizada por esses IgG.

Um estudo que revela o papel-chave dos IgA contra o HIV


Em um estudo publicado na revista Mucosal Immunology, os pesquisadores compararam os efeitos da fagocitose de células infectadas pelo HIV-1 quando desencadeada por anticorpos específicos do vírus, seja na forma IgA seja na forma IgG.

Eles descobriram que a fagocitose mediada pelos IgA, presentes nas mucosas, permitia destruir as células infectadas mas também apresentar os antígenos virais aos linfócitos T CD8+ e ativar sua função citotóxica (sua capacidade de matar as células infectadas). Em contrapartida, os anticorpos IgG, mais presentes no sangue, não provocavam esse efeito.

Além disso, após se ligarem aos IgA e desencadearem a fagocitose das células infectadas, os monócitos se reprogramam em macrófagos ativados. Esses macrófagos apresentam uma mistura de propriedades pró-inflamatórias e anti-inflamatórias, e secretam quimiocinas pró-inflamatórias (moléculas que atraem outras células imunológicas).

A ADCP mediada pelos IgA também torna os monócitos mais reativos diante de uma nova infecção bacteriana: eles produzem mais citocinas como a IL-6 e o TNFα. Esse fenômeno é um sinal de imunidade treinada, uma forma recente de memória do sistema imunológico inato, que lhe permite reagir melhor a futuros ataques.

Todas essas observações mostram que existe um vínculo estreito entre a imunidade adaptativa (específica) iniciada pelos IgA e a imunidade inata (natural).

Esta descoberta abre caminho para novas estratégias para impedir a propagação do HIV, explorando o papel protetor dos anticorpos IgA e sua capacidade de ativar tanto as defesas naturais quanto as específicas do nosso corpo.
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