Um novo estudo propõe uma visão inovadora sobre o tempo: e se ele não fosse mais do que uma ilusão resultante do emaranhamento quântico? Essa hipótese poderia não só esclarecer algumas contradições em física, como também revolucionar nossa compreensão do Universo.
O tempo, elemento evasivo para os físicos, complica a busca por uma "teoria de tudo", capaz de unificar todas as leis da física. Mas este novo estudo, publicado na
Physical Review A, sugere que o tempo poderia emergir do emaranhamento quântico, um fenômeno que conecta duas partículas distantes.
Nos sistemas quânticos, o tempo parece imutável e externo, ao contrário da relatividade geral de Einstein, onde ele pode ser deformado pela gravidade e pela velocidade. Essa divergência impede a unificação das teorias físicas. Para resolver essa incoerência, os pesquisadores se voltaram para o mecanismo de Page e Wootters, proposto em 1983, que postula que o tempo emerge de uma ligação entre um objeto e outro que serve como relógio.
Aplicando esse mecanismo a dois estados quânticos teóricos — um oscilador harmônico vibrando e um conjunto de pequenos ímãs servindo como relógio —, os pesquisadores observaram que seu sistema poderia ser descrito pela equação de Schrödinger, mas sem recorrer explicitamente ao tempo. Eles repetiram seus cálculos supondo objetos macroscópicos, simplificando suas equações para aquelas da física clássica, sugerindo assim que o fluxo do tempo decorre do emaranhamento mesmo em grande escala.
Embora matematicamente coerente, essa abordagem suscita cautela entre outros físicos. A hipótese ainda é de difícil testabilidade e não produziu previsões experimentais verificáveis. Entretanto, alguns pesquisadores consideram que começar pela física quântica para compreender a física clássica é uma direção promissora.