A atividade vulcânica produz uma crosta basáltica que, ao esfriar, fratura-se sob a ação de forças tectônicas. Grandes falhas então dividem o fundo dos mares e esculpem escarpas regulares, à maneira de livros deslizando uns contra os outros em uma prateleira.
Ilustração do processo de inversão das colinas abissais por compressão dos flancos da dorsal.
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Essa atividade geológica é evidenciada por numerosos sismos em extensão, que são tantas assinaturas do afastamento das placas. No entanto, em setembro de 2022, as redes sismológicas globais registraram uma dúzia de sismos em compressão de ambos os lados da dorsal Atlântica, ao largo da Irlanda.
Para compreender esses eventos atípicos, uma equipe de pesquisadores do CNRS Terra & Universo modelou a deformação associada à expansão de um oceano. Eles identificaram uma zona de compressão superficial em ambos os lados do eixo da dorsal, induzida por um dobramento da jovem litosfera oceânica.
O resultado mais inesperado é que esta zona de compressão faz deslizar as grandes falhas dorsais em sentido inverso, o que reduz até 50% do relevo abissal em algumas centenas de milhares de anos. Essa ideia havia sido proposta nos anos 70, mas abandonada por falta de manifestação sísmica do fenômeno. Este novo estudo esclarece a mecânica do processo e evidencia-o nos oceanos Atlântico e Índico, explicando também seu caráter amplamente assísmico.
Batimetria da dorsal Atlântica a 54ºN, onde ocorreram os sismos compressivos de 2022.
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O evento de 2022 é tanto mais excepcional pois foi provavelmente desencadeado por uma intrusão magmática, tornando sísmico um processo que de outra forma teria permanecido silencioso. Sabe-se agora graças a ele que as colinas abissais formam-se não como degraus de uma escada, mas como degraus de um escorregador, que se abrem e se fecham à medida que os relevos migram sobre o tapete rolante das placas tectônicas.
Referência:
Olive, J.-A., Ekström, G., Liu, Z., Buck, W.R., Escartín, J., and Bickert, M., A revelação do desfaultamento em dorsais oceânicas provocado por intrusões magmáticas., Nature, 2024, DOI: 10.1038/s41586-024-07247-w.