Publicado por Redbran, Fonte: CNRS INC Outras Línguas: FR, EN, DE, ES
As células responsáveis pela maioria das mortes relacionadas ao câncer são aquelas capazes de se espalhar pelo corpo: as células metastáticas. Muito resistentes aos tratamentos atuais, elas frequentemente sobrevivem à quimioterapia e provocam recaídas. Mas uma equipe de pesquisadores franceses pode ter encontrado uma nova forma de eliminá-las.
Uma nova arma: forçar as células cancerígenas a se autodestruírem
Cientistas do Instituto Curie, do CNRS e do Inserm desenvolveram uma nova família de moléculas capazes de matar essas células resistentes atacando suas membranas. Como? Ativando um processo natural de morte celular chamado ferroptose. Esse mecanismo utiliza o ferro presente nas células para gerar uma reação química que destrói suas membranas, levando-as à morte.
Esses trabalhos foram publicados na revista Nature em 7 de maio de 2025.
As células cancerígenas metastáticas têm uma característica que se torna sua fraqueza: elas absorvem muito ferro graças a uma proteína chamada CD44 presente em sua superfície. Esse ferro as torna mais agressivas... mas também mais sensíveis à ferroptose. Ao explorar essa particularidade, os pesquisadores encontraram uma forma de atingi-las.
Uma abordagem inteligente: usar o ferro contra a célula
A equipe do químico Raphaël Rodriguez desenvolveu moléculas capazes de se infiltrar nas células e se concentrar em uma região chamada lisossomo, uma espécie de "centro de reciclagem" celular. Nesse compartimento, o ferro reage com outra molécula para produzir radicais, pequenas entidades muito reativas que atacam as membranas. Esse processo se amplifica até destruir a célula.
Uma molécula chamada Fento-1 foi especialmente projetada para desencadear esse mecanismo. Além disso, ela é fluorescente, o que permite aos cientistas rastrear seu caminho na célula usando um microscópio. Os primeiros testes são muito promissores: a Fento-1 retarda o crescimento de tumores em modelos de câncer de mama metastático e mostra uma ação potente em amostras de câncer de pâncreas e sarcomas, conhecidos por serem difíceis de tratar.
Esquema da ferroptose. O ferro entra nas células cancerígenas através da proteína CD44. Esse acúmulo permite que a célula se adapte aos tratamentos, mas também a torna vulnerável. Ao ativar o ferro com uma molécula específica, provoca-se uma oxidação massiva das membranas: a célula explode de dentro para fora.
E agora?
Esses resultados foram obtidos em laboratório, em modelos celulares e animais. Serão necessários estudos clínicos em humanos para confirmar a eficácia dessa estratégia contra os cânceres metastáticos. Mas a ideia de forçar essas células a se autodestruírem desencadeando uma "explosão interna" controlada traz esperança.
Esses trabalhos foram apoiados por diversas instituições: a Liga contra o Câncer, a União Europeia (programa Horizon 2020), a Fundação para a Pesquisa Médica, a Fundação Charles Defforey, a Fundação Klaus Grohe, o Instituto Nacional do Câncer, a região Île-de-France, a ANR, a Fundação Bettencourt Schueller, o CNRS, o Instituto Curie e o Inserm.