🌡️ As ondas de calor podem envelhecer tanto quanto o tabaco ou o álcool

Publicado por Cédric,
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature Climate Change e Nature
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As temperaturas extremas não se limitam a testar o nosso organismo no dia a dia. Elas também podem influenciar a velocidade com que as nossas células envelhecem. Os investigadores estão cada vez mais interessados nesta ligação discreta mas profunda entre ondas de calor e desgaste prematuro do corpo.

Conhecidas por perturbarem o sono ou agravarem doenças crónicas, as ondas de calor revelam agora um impacto mais insidioso: a aceleração do envelhecimento biológico. Publicada na Nature Climate Change, um vasto estudo realizado em Taiwan esclarece esta relação inesperada. Ele sugere que o aquecimento global, ao multiplicar as ondas de calor, também poderia transformar a nossa relação com o tempo que passa nos nossos organismos.



Um envelhecimento medido em milhares de pessoas


Cerca de 25 000 habitantes de Taiwan foram acompanhados durante quinze anos. A sua idade biológica foi estimada através de uma série de indicadores de saúde, desde a tensão arterial até parâmetros hepáticos. Os investigadores cruzaram depois estes dados com a exposição dos participantes a ondas de calor. Os resultados mostraram um desvio crescente entre a idade real e a idade biológica nas zonas mais quentes. No quarto mais exposto, o envelhecimento acelerava cerca de 3 % por ano. Os trabalhadores manuais e os habitantes das zonas rurais, muitas vezes sem ar condicionado, estavam entre os mais afetados.

Esta constatação não se limita à Ásia. Nos Estados Unidos, outro estudo realizado com mais de 3 600 idosos destacou recentemente alterações químicas do ADN relacionadas com o calor. Estas modificações constituem sinais objetivos de envelhecimento acelerado.

As consequências não são apenas teóricas. Elas traduzem-se por um aumento do risco de enfarte, acidentes vasculares cerebrais ou diabetes, patologias que pesam fortemente na esperança de vida. Alguns investigadores comparam o impacto global da exposição repetida ao do tabagismo ou do consumo excessivo de álcool.

Os mecanismos biológicos do desgaste térmico


Várias pistas biológicas estão a ser exploradas para compreender esta influência do calor no envelhecimento. A redução do comprimento dos telómeros, esses fragmentos protetores situados nas extremidades dos cromossomas, figura entre as hipóteses principais.

Outros investigadores evocam danos diretos no ADN, que alterariam a estabilidade genética das células. As mitocôndrias, essenciais para a produção de energia, também seriam fragilizadas pelo calor. Estas agressões resultariam numa senescência celular, etapa em que a célula deixa de se dividir e entra numa fase de degradação. Este processo contribui para o envelhecimento global do organismo.

As populações não reagem todas da mesma maneira. A idade, o estado de saúde, mas também o estilo de vida desempenham um papel. Uma pessoa idosa já fragilizada por várias ondas de calor poderá sofrer um envelhecimento mais acentuado do que um adulto jovem. O facto de trabalhar ao ar livre ou viver sem ar condicionado amplifica ainda mais os efeitos observados.

Os investigadores sublinham, por fim, que os aparelhos de ar condicionado não constituem uma solução sustentável. Eles trazem conforto individual, mas libertam calor para o exterior, agravando as condições para quem deles não dispõe. Estes elementos lembram que o envelhecimento acelerado relacionado com o calor não é uniforme, mas depende de uma combinação de fatores biológicos, sociais e ambientais.
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