Ilustração Covid-19: um caminho para o tratamento da perda de olfato.
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A Covid-19 causa em alguns pacientes a perda do olfato. Embora este sintoma seja geralmente temporário, pode persistir em cerca de 10% dos pacientes por mais de 6 meses.
Pesquisas anteriores conduzidas por uma equipe de pesquisadores do INRAE e da EnvA mostraram que a mucosa olfativa, afetada pelo SARS-CoV-2, estava invadida por células imunitárias, causando sua destruição e uma inflamação prolongada. Com base nessas descobertas, a mesma equipe avaliou a eficácia dos corticoides, conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias, na recuperação do olfato [1].
Os resultados dessas pesquisas são duplos: confirmam a existência de uma ligação direta entre a perda de olfato induzida pelo vírus e a diminuição das populações de neurônios olfativos [2] na mucosa nasal; e mostram que um tratamento precoce com dexametasona, um corticoide comumente utilizado, melhora a recuperação das capacidades olfativas em animais.
Esta recuperação das capacidades olfativas está associada a uma redução da presença de células imunitárias na mucosa e a uma melhor regeneração da população de neurônios olfativos. Esses resultados sugerem que os tratamentos com corticoides atualmente utilizados com pouco efeito benéfico nos casos de anosmia prolongada poderiam ser eficazes se prescritos rapidamente ao aparecimento dos sintomas de perda do olfato.
Notas:
[1] Financiada pela ANR (CORAR) e pela ANRS (UCRAH).
[2] Os neurônios olfativos localizados na mucosa olfativa estão diretamente em contato com os odores que chegam ao nariz, sendo eles que garantem a detecção das moléculas odoríferas.
Referência:
Merle-Nguyen L., Ando-Grard O., Bourgon C. et al. (2024). Tratamento precoce com corticoide melhora a recuperação da perda do olfato induzida pelo SARS-CoV-2 em hamsters. Brain, Behavior, and Immunity, ISSN 0889-1591, https://doi.org/10.1016/j.bbi.2024.02.020.