Uma nova abordagem terapêutica para o tratamento do câncer de pâncreas metastático parece estar se delineando, segundo um estudo publicado em
Nature Cancer. Liderada pelo professor Michael Schmid da Universidade de Liverpool e seus colaboradores, essa pesquisa traz novas perspectivas sobre o papel da eferocitose, processo responsável pela eliminação de células mortas, na disseminação do câncer pancreático para o fígado.
A metástase hepática ocorre em 40 a 50% dos pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC, a forma mais comum de câncer de pâncreas), e atualmente não há tratamento efetivo para curar pacientes com essa doença. Observou-se que as metástases do PDAC apresentavam altos níveis de macrófagos imunossupressores, um tipo de glóbulo branco que promove o crescimento tumoral.
A equipe de pesquisa descobriu que bloquear a via da eferocitose durante a metástase precoce impedia essa atividade imunossupressora nos macrófagos, restabelecendo assim a ativação dos linfócitos T e reduzindo a carga tumoral metastática.
O professor Michael Schmid, autor principal do estudo, afirmou: "No câncer de pâncreas, as células tumorais malignas frequentemente se espalham para o fígado. Nossos dados mostram que a formação de um 'ninho' metastático favorável no fígado é essencial para o crescimento eficaz das células malignas no local distante."
A doutora Yuliana Astuti, primeira autora do estudo, acrescentou: "Utilizando tecnologias celulares únicas, descobrimos uma diversidade subestimada de macrófagos nas metástases hepáticas do câncer de pâncreas. Identificamos que, no fígado, os macrófagos associados às metástases apresentam funções opostas, alguns demonstrando características imunoestimulantes e outros características imunossupressoras."
O professor Ainhoa Mielgo, colaborador chave do estudo, comentou: "O câncer de pâncreas é um tipo de câncer muito agressivo que frequentemente se espalha para o fígado. Atualmente, não temos nenhum tratamento eficaz para curar pacientes com câncer de pâncreas que apresentam metástases hepáticas. Essas descobertas são muito empolgantes porque revelam um mecanismo que pode ser alvo, através do qual as células cancerígenas pancreáticas se espalham e crescem no fígado."
Este estudo, resultado de um esforço colaborativo entre cientistas, oncologistas, cirurgiões e pacientes, abre novas perspectivas para o tratamento de pacientes com câncer de pâncreas metastático.