Há 66 milhões de anos, as formigas começaram a cultivar fungos, criando assim "jardins" subterrâneos, um ato que foi essencial para sua sobrevivência.
A queda do asteroide bloqueou a luz do Sol e dizimou a vegetação. Enquanto as plantas lutavam, os fungos prosperaram, oferecendo às formigas uma nova fonte de alimento.
A relação mutualista entre as formigas e os fungos, que remonta a essa época, baseia-se numa divisão precisa de funções. As formigas, como Cyphomyrmex rimosus, desempenham o papel de "cultivadoras". Elas coletam micélio saudável, a parte vegetativa dos fungos, e o trazem para seus ninhos. Esse micélio permite que os fungos se desenvolvam em um ambiente controlado.
As formigas não se limitam apenas a coletar: elas também protegem os fungos contra patógenos e parasitas com a ajuda de bactérias específicas capazes de produzir antibióticos naturais. Esse sistema de defesa, sofisticado e ecológico, assegura a saúde de suas culturas. Em troca, os fungos produzem estruturas especializadas, chamadas gongylidia, que servem de alimento para as formigas. Essas pequenas estruturas são ricas em nutrientes essenciais, permitindo que alimentem eficazmente colônias gigantescas que contam com milhões de indivíduos.
Esse modelo agrícola permitiu que colônias complexas prosperassem, pois as formigas gerenciam um ciclo de cultivo, proteção e colheita numa simbiose perfeita com seus fungos. A produção contínua de alimento garante a sobrevivência e a expansão das colônias em ambientes muitas vezes hostis. Uma façanha mantida há 66 milhões de anos, enquanto a humanidade ainda luta para desenvolver alternativas sustentáveis.
Os pesquisadores estimam que essa parceria se tornou mais robusta há 27 milhões de anos, quando as florestas deram lugar às pradarias. As formigas então passaram a cultivar seus fungos em ninhos subterrâneos. Este estudo, publicado na Science, destaca a extraordinária capacidade de adaptação das formigas. Muito antes de nós, elas já tinham inventado a agricultura.