O que acontece em nosso corpo quando recebemos vacinas além da norma recomendada? Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Friedrich-Alexander de Erlangen-Nürnberg (FAU) e do Hospital Universitário de Erlangen oferece uma visão fascinante sobre essa questão, graças à análise de um caso incomum: um homem que, por escolha pessoal, recebeu mais de 200 vacinas contra a COVID-19.
Um estudo sobre um homem que recebeu mais de 200 vacinações contra a COVID-19 revela uma resposta imunológica plenamente funcional e até mesmo aprimorada, refutando a teoria de que a vacinação excessiva enfraquece a imunidade, como mostram os resultados da pesquisa publicados em The Lancet Infectious Diseases. Imagem ilustrativa Pixabay
A descoberta desse caso particular, relatada pela mídia, intrigou os cientistas, que decidiram convidá-lo para uma série de testes. O objetivo era entender os efeitos da hipervacinação sobre o sistema imunológico. A teoria comum sugeria que a exposição repetida aos antígenos poderia diminuir a eficácia das células imunológicas. No entanto, os resultados do estudo, publicados no jornal The Lancet Infectious Diseases, demonstram o contrário.
O paciente em questão mostrou uma resposta imunológica não apenas plenamente funcional, mas também reforçada. Comparado a um grupo controle que recebeu três doses, ele apresentou uma concentração significativamente mais elevada de certas células imunológicas e anticorpos específicos para o SARS-CoV-2.
Este estudo aprofunda também o funcionamento das vacinas. Normalmente, elas contêm partes do agente patogênico ou um plano de construção que permite ao organismo produzir esses componentes patogênicos por si mesmo. Graças a esses antígenos, o sistema imunológico aprende a reconhecer o verdadeiro patógeno durante uma infecção subsequente, permitindo-lhe reagir de forma mais rápida e mais forte.
Os pesquisadores observaram que, mesmo após a 217ª vacinação, a eficácia do sistema imunológico do sujeito contra o SARS-CoV-2 e outros patógenos não diminuiu. Isso sugere que a hipervacinação não danificou seu sistema imunológico. Além disso, nenhum efeito colateral notável foi desencadeado, apesar do uso de oito vacinas diferentes, incluindo diversos vacinas de ARNm.
Embora esses resultados venham de um caso individual e não possam servir para formular recomendações gerais, eles oferecem uma visão tranquilizadora sobre a tolerância e eficácia das vacinas, mesmo em situações extremas. A abordagem atual ainda recomenda uma vacinação em três doses, com reforços regulares para os grupos vulneráveis, sem necessidade de vacinações adicionais.