Uma usina solar, flutuando a 36.000 km acima da Terra, pode parecer coisa de ficção científica. No entanto, a China está trabalhando ativamente para concretizar esse projeto, que poderia transformar nosso suprimento de energia.
Este projeto, de uma magnitude comparável à da barragem das Três Gargantas, visa explorar a energia solar no espaço, onde a incidência solar é dez vezes mais intensa do que na Terra. O objetivo é produzir, em um ano, uma quantidade de energia equivalente às reservas mundiais de petróleo. De fato, a produção anunciada seria de 100 bilhões de quilowatts-hora por ano.
Uma usina solar fora do comum
A usina solar espacial chinesa, com uma largura de um quilômetro, seria montada em órbita geoestacionária. Essa posição permitiria uma produção contínua de energia, sem interrupções devido aos ciclos dia-noite ou às condições meteorológicas. A energia coletada seria então transmitida para a Terra na forma de micro-ondas.
Esse sistema elimina as limitações das usinas solares terrestres, como a intermitência da produção ou o acúmulo de poeira nos painéis. Segundo os cientistas chineses, essa tecnologia poderia oferecer uma fonte de energia quase ilimitada.
Um canteiro de obras tecnológico colossal
A construção de uma usina como essa exigirá dezenas, ou até centenas, de lançamentos para transportar os componentes até a órbita. A China conta com seu foguete Longa Marcha-9, capaz de transportar até 150 toneladas, para enfrentar esse desafio. Esse foguete reutilizável reduziria os custos e o número de missões necessárias.
No entanto, ainda existem obstáculos técnicos, principalmente a transmissão eficiente de energia para a Terra. Perdas significativas podem ocorrer durante a conversão das micro-ondas em eletricidade utilizável. Testes, como os realizados pelo Caltech em 2023, mostram, no entanto, que essa tecnologia é promissora.
Um projeto com implicações geopolíticas
A China não é a única interessada na energia solar espacial. Estados Unidos, Japão e Europa também estão explorando essa possibilidade. Esses projetos poderiam redefinir os equilíbrios energéticos globais, oferecendo uma fonte de energia não carbonizada e abundante.
Para a China, esse projeto faz parte de uma estratégia mais ampla para fortalecer seu posicionamento tecnológico e energético. Trata-se também de mais um passo em direção à descarbonização, um objetivo crucial diante da emergência climática.