A doença de Alzheimer, uma patologia neurodegenerativa devastadora, tira gradualmente das pessoas suas memórias e capacidades cognitivas. Enquanto os tratamentos atuais visam principalmente desacelerar o progresso da doença, uma equipe de pesquisadores do Buck Institute for Research on Aging propõe uma abordagem alternativa, focada na reparação das sinapses, essas valiosas conexões entre os neurônios indispensáveis à formação e ao resgate das memórias.
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Em um estudo recente publicado na edição de 1º de fevereiro do The Journal of Clinical Investigation, a professora assistente do Buck Institute, Tara Tracy, destaca a importância desta nova abordagem. Em vez de simplesmente focar nas proteínas tóxicas como tau e beta-amilóide, responsáveis pelo acúmulo de placas no cérebro dos pacientes com Alzheimer, a equipe de Tracy examinou o papel de uma proteína chamada KIBRA, presente nas sinapses.
Os pesquisadores observaram que os níveis de KIBRA estavam significativamente reduzidos nos cérebros das pessoas com Alzheimer, o que sugere uma estreita ligação entre essa proteína e a função sináptica alterada associada à doença. Ao estudar camundongos de laboratório com uma condição similar ao Alzheimer humano, a equipe constatou que a manipulação da proteína KIBRA podia reverter os déficits de memória observados.
De fato, KIBRA parece desempenhar um papel chave na promoção da resiliência das sinapses, facilitando assim a restauração do seu funcionamento normal. Esta descoberta abre caminho para novas perspectivas terapêuticas, como explica Grant Kauwe, também pesquisador do Buck Institute. Os resultados sugerem que KIBRA poderia ser utilizada não apenas como um biomarcador para diagnosticar e monitorar a progressão da doença, mas também como um alvo potencial para novas terapias que visam restaurar a memória dos pacientes com Alzheimer.
Essa abordagem inovadora sublinha a importância de diversificar as estratégias terapêuticas contra a doença de Alzheimer. Enquanto os tratamentos atuais se concentram principalmente na redução das proteínas tóxicas, este estudo destaca a urgência de enfrentar as alterações sinápticas subjacentes à perda de memória nesta doença devastadora.