Primeira descoberta de pegadas de duas espécies hominíneas diferentes no mesmo local 🦶

Publicado por Adrien,
Fonte: Science
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No calor de uma savana africana, há 1,5 milhão de anos, duas espécies distintas de hominíneos parecem ter pisado no mesmo solo. Essas pegadas, preservadas em sedimentos próximos ao atual lago Turkana, no Quênia, oferecem uma visão inédita de sua coexistência.

Um encontro fortuito ou apenas um cruzamento de caminhos? As pegadas fósseis, estudadas por uma equipe internacional, revelam uma época em que Homo erectus e Paranthropus boisei compartilhavam o mesmo habitat.


Modelagem 3D das pegadas fósseis de duas espécies hominíneas às margens de um antigo lago.
Crédito: Kevin Hatala/Chatham University

Essas pegadas, analisadas com tecnologias 3D, constituem a primeira evidência direta da presença simultânea dessas duas espécies em uma mesma superfície. Segundo Craig Feibel, especialista em ciências da Terra da Universidade Rutgers, elas foram formadas em um período muito curto, provavelmente em poucas horas. Uma descoberta possibilitada pela riqueza fossilífera da região, explorada por décadas por equipes locais e internacionais.

As pegadas fósseis são "traços fósseis": elas refletem um comportamento, ao contrário de ossos ou dentes, que mostram apenas restos biológicos. Este tipo de vestígio traz informações cruciais sobre a locomoção e a anatomia dos hominíneos, mas também sobre como eles interagiam com o ambiente. Kevin Hatala, autor principal do estudo publicado na revista Science, explica que essas pegadas permitem observar como nossos ancestrais se moviam em seu ambiente e interagiam com outras espécies ou animais.

Homo erectus e Paranthropus boisei, embora tenham coexistido nessa época, diferiam consideravelmente. As análises mostram características anatômicas e modos de locomoção distintos. Homo erectus, ancestral direto dos humanos modernos, era mais esguio e móvel, enquanto Paranthropus boisei, conhecido por sua poderosa mandíbula, parece ter sido melhor adaptado à mastigação de vegetais duros.

A datação precisa das pegadas foi possível graças à expertise de Craig Feibel em estratigrafia, demonstrando que remontam a 1,5 milhão de anos. Esse solo antigo foi preservado devido aos depósitos sedimentares, um fenômeno raro que destaca a importância das condições geológicas locais.

Essa descoberta desafia algumas hipóteses sobre as potenciais interações entre essas duas espécies. Embora sua coexistência fosse conhecida por meio de ossos, essas pegadas são a primeira evidência de que usavam o mesmo espaço ao mesmo tempo. No entanto, os pesquisadores não sabem se cooperavam, competiam ou apenas se cruzavam.

Por outro lado, o destino diferente dessas duas espécies intriga: Homo erectus sobreviveu por quase um milhão de anos após esse período, enquanto Paranthropus boisei extinguiu-se muito antes. Esse contraste levanta questões sobre suas capacidades de adaptação em ambientes em constante mudança.

As pegadas, descobertas em 2021 por uma equipe liderada por Louise Leakey, também são resultado de uma metodologia rigorosa. O uso de análises em três dimensões, uma novidade para esses fósseis, permitiu diferenciar claramente as características específicas das duas espécies. Esse avanço tecnológico abre novas perspectivas para estudar outros locais similares.

Os pesquisadores esperam que essa descoberta inspire novas noções na região, que continua sendo uma verdadeira mina de ouro para a compreensão da evolução humana.
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